Tuesday, December 27, 2005

poeta ilimitado

João Luís Barreto Guimarães é um dos poetas, portugueses contemporâneos, que mais gosto. tem uma (d)escrita do quotidiano muito hábil e enternecedora. seja na mesa do café ou na hora do pequeno almoço, em casa, Barreto Guimarães consegue encontrar a poesia dos gestos banais. para alguém mergulhado na banalidade, achar-se rodeado de poesia é como encontrar um lenho flutuante no meio do mar.
Barreto Guimarães está de regresso à blogosfera com "Poesia Ilimitada". aqui voltamos a ter poesia, poetas e traduções inéditas feitas pelo próprio João Luís Barreto Guimarães. o arranque fica marcado pelo passado de poeta do best-seller Dan Brown. vale a pena ler e estabelecer os paralelos possíveis entre o poeta e o homem do "Código Da Vinci".
eu continuo a preferir a poesia do autor do blog, por isso mesmo aqui fica um poema para abrir o apetite e a curiosidade.

"Trinta"

"Hoje aconteceu-me mais um cabelo branco
(não sei se tinhas dado com este:)
fica
mesmo ao lado da risca entre os
vinte e nove e
os trinta. O
dia de amanhã já existe ora
(a hora nas agendas)
lembra uma camisa limpa que
drapeja ao secar
(cada dia que me aceita
propõe
novo recomeço).
Todos temos uma alma gémea
frente ao espelho
tinha feito 15 anos
(hoje acatei outros quinze)
foi sempre no gesso da idade
que
assinei o poema."

João Luís Barreto Guimarães, "Rés-do Chão", Gótica, 2003

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